Fonoaudiologia no Autismo: tudo o que você precisa saber

A fonoaudiologia no autismo é fundamental para que a criança se desenvolva no seu máximo, principalmente no que se refere a comunicação.  

Crianças autistas apresentam com frequência alterações de comunicação e interação social. O fonoaudiólogo é o profissional da área da saúde responsável por avaliar, diagnosticar, habilitar e reabilitar essas alterações.

No entanto, sua atuação vai além de ‘’ensinar a falar determinado som’’ ou  ‘’falar menos embolado’’. O fonoaudiólogo ajuda a criança autista e sua família a se comunicarem com qualidade, o que vai muito além dos sons da palavra. 

Neste artigo você irá entender na íntegra a importância do fonoaudiólogo no autismo e porque esse profissional deve ser um dos primeiros a ser procurado antes mesmo do diagnóstico. 

Fonoaudiologia no Autismo: tudo o que você precisa saber
(Imagem gerada por IA) Crianças autistas podem se beneficiar bastante com o acompanhamento fonoaudiológico.


Porque uma criança autista precisa de Fono? 

A dificuldade de comunicação é uma das características mais marcantes no Transtorno do Espectro Autista (TEA), se pensarmos apenas nesse parâmetro,  já podemos considerar a importância da fonoaudiologia no autismo infantil.  

Mas e as crianças que falam super cedo, que falam muito, e até outras línguas? Essas também precisam de um fonoaudiólogo? 

A resposta é sim!

Algumas crianças desenvolvem esta habilidade principalmente por meio de repetição e memorização. O que é bem mais simples, porém essas palavras podem não ter intenção de se comunicar, ou não se relacionam às situações cotidianas. 

Neste sentido, tanto uma criança autista que não fala, quanto uma que fala muito precisam de uma avaliação fonoaudiológica

avaliação fonoaudilógica no autismo
(Imagem gerada por IA) Avaliação fonoaudiológica em crianças com autismo

Para além disso,  uma criança com TEA pode enfrentar uma série de dificuldades ao longo de seu crescimento. Como atraso ou ausência da fala, uso apenas de gestos para se comunicar, repetição de palavras sem contexto, dificuldades para compreender o objetivo da comunicação, como por exemplo ironia, dificuldade em manter o contato visual e buscar situações em que possa se comunicar.  

Outro desafio encontrado diz respeito à alimentação. Algumas crianças autistas podem apresentar aversão a alguns alimentos e preferências bem restritas a outros. No geral isso está relacionado às dificuldades sensoriais e comportamentais presentes no TEA.

E é para auxiliar nesses desafios que o fonoaudiólogo no TEA é indispensável.

O fonoaudiólogo é o profissional responsável por avaliar e tratar as funções da audição, da fala, da linguagem, da articulação, da respiração, da mastigação, salivação e deglutição. Além das questões de interação social e expressão facial e corporal. 

Por tanto para garantir que a criança vá se desenvolver alcançando o máximo de suas potencialidades e superando suas dificuldades, a atuação fonoaudiológica com crianças autistas é indicada desde o diagnóstico.   

 

Quais os benefícios da fonoaudiologia no autismo

A importância da fono no autismo começa antes mesmo do diagnóstico. Pois junto ao neuropediatra, psicólogo, nutricionista, terapeuta ocupacional e outros, esse profissional é responsável pelo diagnóstico diferencial do transtorno.  

São avaliadas várias funções da criança relacionadas ao comportamento, aos movimentos, à saúde e outros. Considerando que competências em relação a comunicação são preditores importantes para o fechamento do diagnóstico precoce e preciso, a avaliação fonoaudiológica é peça fundamental. 

Além disso, outras demandas comuns são as dificuldades de mastigação e ingestão de determinados alimentos, engasgos, falta de apetite e excesso de saliva. Neste sentido, o fonoaudiólogo atuará  garantindo uma nutrição adequada e prazerosa para a criança e os cuidadores. 

Alguns dos principais objetivos da avaliação e intervenção da fono no autismo infantil são:  

  • Melhora da interação social – com contato visual e atenção compartilhada
  • Desenvolvimento da comunicação verbal e/ou não verbal 
  • Aprimoramento  de comportamentos repetitivos 
  • Adequação da seletividade alimentar 
  • Melhora da mastigação e deglutição
  • Refinamento da fluência verbal
  • Ampliação do repertório de fala 
  • Aumento de interesses e atividades 

Além disso, junto a equipe multidisciplinar, o fono atua nas alterações neurofuncionais relacionadas à cognição e nas alterações sensoriais tanto em relação ao paladar, audição e outros. 

O fono no TEA é uma ponte entre a criança e suas potencialidades para viver com qualidade e em sociedade com conforto. Ensinando para a criança, a família e até mesmo a escola qual o melhor caminho a trilhar.

 

Quando devo procurar um fonoaudiólogo?

(Imagem gerada por IA) Qual o melhor momento de buscar um fono para a criança autista?

Quanto antes, melhor! 

A intervenção deve começar assim que receber o diagnóstico, ou mesmo antes, caso seja observada alguma alteração na comunicação, audição ou alimentação do bebe. 

Se você tiver um bebe e suspeita de autismo, procure além dos médicos um fonoaudiólogo, neste caso o tempo vai ser um super aliado. 

Se sua criança já é mais velha e nunca fez ou parou o acompanhamento, comece ou retorne hoje mesmo se possível.

Não há tempo certo ou errado para iniciar ou retomar. O importante é saber que o fono é o profissional que vai poder auxiliar a criança com autismo em várias fases da vida.

 

Bebês 

O diagnóstico de TEA é concluído quando a criança tem por volta dos 2 a 3 anos de idade no entanto já é comprovado que entre os seis e dezoito meses, algumas alterações já podem indicar traços de autismo, como: 

  • não olhar nos olhos dos pais em situações de comunicação;
  • não apontar para objetos para pedi-los aos pais; 
  • demorar para começar a falar;
  • responder pouco quando chamado pelo nome; 
  • não usar brinquedos como representações cotidianas;
  • se interessar por assunto restrito;
  • fazer a mesma atividade da mesma forma várias vezes ao dia;
  • ser mais ou menos sensível a algum estímulo do que o normal, como luz e som.

Mesmo que nesse caso ainda não tenha o diagnóstico de autismo, é possível e recomendado iniciar as intervenções tanto fonoaudiológicas quanto com outros profissionais. Pois quanto antes começar a intervenção, maiores são as chances da criança se desenvolver.

 

Infância

Na infância a principal queixa é em relação às alterações de fala. Podendo ser o atraso, ausência ou trocas de sons, por exemplo. Neste caso, o fono no autismo irá ajudar a criança a desenvolver essas habilidades.

Aqui também podem surgir dificuldades alimentares. Em alguns casos o trabalho com a musculatura do rosto e da boca vão ser fundamentais para que a criança possa se alimentar adequadamente e falar. 

Por tanto o fono na infância pode ajudar a criança altista desde a fortalecer a musculatura orofacial para mastigar corretamente, até articular os sons corretamente, formar frases, melhorar e perceber a expressão corporal e facial de outras pessoas.

 

Idade escolar

Na idade escolar podem surgir outros desafios importantes. Como problemas de socialização com os colegas e dificuldade de aprendizado, seja por estarem atrasados ou adiantados em relação à turma. 

Nesta fase as dificuldades de demonstrar, perceber e entender as emoções podem ser mais evidentes. Uma fala prejudicada pode agravar a percepção de comportamentos como inadequados.

 

Adolescência

(Imagem gerada por IA) Na adolescência o fonoaudiólogo pode ajudar o jovem com TEA.

Mas e se o TEA for diagnosticado já na adolescência? Ainda a tempo ou necessidade de uma ajuda fonoaudiológica. 

A resposta é sim! 

Se o jovem com TEA chegou a adolescência com desenvolvimento da linguagem e da oralidade e sem alterações de alimentação, talvez o maior desafio seja no campo da comunicação interpessoal. 

Na interação social, na percepção mais fina de significados abstratos e indiretos, como o sarcasmo, a ironia e o humor. Na percepção das regras sociais. E na manutenção ou início de relações de amizade e/ou amorosas

Nessa fase pode ser difícil para o autista compreender e ser compreendido, e a fonoaudiologia junto com a família e a equipe multi podem promover um espaço seguro para essas mudanças. 

Por tanto não importa a idade ou o tempo de diagnóstico, o fonoaudiólogo sempre poderá ajudar a criança autista e sua família a ter mais qualidade de vida.

 

Como funciona a terapia de fonoaudiologia no autismo?

Fonoaudiologia no Autismo: tudo o que você precisa saber
(Imagem gerada por IA) A terapia fonoaudiológica com crianças com TEA visa desenvolver suas potencialidades.

A terapia de fonoaudiologia no autismo ocorre de acordo com as principais dificuldades e potencialidades da criança. 

A primeira etapa é a avaliação onde o fonoaudiólogo com a ajuda de instrumentos específicos irá analisar as áreas da linguagem, fala, audição e alimentação. 

Após a avaliação será definido um plano de tratamento com cada uma das etapas a serem seguidas tanto pelo profissional como pelos pais. Após a discussão e explicação sobre o plano se iniciam as sessões 

A quantidade de sessões por semana, o tempo de sessão e a duração será definida de acordo com as necessidades da criança e as possibilidades da família. 

Para além disso, o profissional especialista em autismo deve orientar e treinar a família e cuidadores sobre a melhor maneira de adequar a dinâmica familiar para que a estimulação continue em casa. 

O tempo de duração das sessões individuais preconizado é de cerca de 50 minutos. No entanto, algumas crianças podem precisar de um tempo a mais ou não suportarem tanto tempo, principalmente no início. Portanto, o profissional definirá este parâmetro.

Outra possibilidade são sessões em grupo, onde geralmente crianças com uma demanda parecida recebem o tratamento no mesmo momento, e ainda conseguem um ganho maior de interação com outros.  

O fonoaudiólogo utiliza recursos como objetos familiares e cotidianos, brinquedos e livros de interesse das crianças, bem como atividades de estimulação física e sensorial, nas sessões de terapia.

Outro ponto importante é a participação da escola, que orientada pelo fono será capaz de proporcionar momentos de desenvolvimento global para a criança além de entender suas dificuldades.

 

Como estimular seu filho em casa?

Ok! Agora que você entendeu qual o papel do fono no autismo, aqui vão algumas dicas de como você pode estimular a comunicação do seu filho em casa:

  1. Se comunique com sua criança: parece óbvio, mas quando pensamos em crianças que não falam e nem mesmo mantém o contato ocular, é fácil entender que em algumas ocasiões as situações de comunicação podem ser diminuídas.
  2. Use ações do cotidiano: aproveite momentos do dia a dia como o banho, o jantar, ao escovar os dentes e outros para estimular a conversação, reconhecimento de palavras, ações e a troca de turno.
  3. Crie uma rotina: rotina é algo indispensável para a regulação comportamental de algumas crianças autistas, por tanto ter definido a ordem de algumas tarefas e mesmo horários ajudará tanto a criança quanto a dinâmica familiar.
  4. Música: músicas são um ótimo recurso para estimular a comunicação, seja completando, seguindo o ritmo, alternando a vez de cada um cantar, batucando ou tocando instrumentos.
  5. Utilize Imagens: imagens de objetos, lugares, pessoas, da própria criança e da família para uma série de estímulos, tanto comportamentais quanto de comunicação.
  6. Movimente os músculos do rosto e da boca: estimula movimentos de beijo, sorriso, movimentos com a língua, caretas, todos esses movimentos ajudam a fortalecer a musculatura orofacial.
(Imagem gerada por IA) estimule a criança com TEA em casa.

Uma criança com autismo merece se desenvolver no seu potencial. E o fonoaudiólogo é um dos profissionais da equipe multidisciplinar  que pode ajudar essas crianças a irem além. Por tanto procure um profissional especializado e dê asas ao seu filho.

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Sobre Mim

Sou fonoaudióloga apaixonada por comunicação e por desvendar os mistérios da voz humana. Criei este blog para compartilhar meu conhecimento e minha paixão pela fonoaudiologia, ajudando você a descobrir como essa ciência pode transformar vidas.

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